Breno, a procura de uma lar (final)


Foto: © Andrew Baker

Médicos e uma mulher de vestido florido não paravam de me olhar, parecendo preocupada ao lado da cama do hospital, eu estava deitado e com dor. Fechei meus olhos novamente, e acordei só depois das 22h da noite, paralisado, não conseguia mexer as pernas, tinha tubos que me sugavam.

Não sabia seu fui capturado por alienígenas ou estava apenas sonhando. Imóvel e com medo, a mesma mulher que vi antes de vestido florido se levantou da cadeira ao meu lado, e com um tímido sorriso me perguntou como eu me sentia. Ali, não consegui nem fazer um sinal com a cabeça. Olhei para baixo e vi um curativo perto da minha barriga. A olhei de volta pensando em como sobrevivi.

Um médico entrou na sala e depois em explicou a compatibilidade de sangue que ela tinha com o meu. Não entendia nada. Nesses dias que estive no hospital e ela foi tão legal, e tínhamos coisas em comum. Não conhecia ela, e sua bondade era boa demais para uma pessoa só, me perguntava o que ela queria ganhar com isso. Fechei os olhos e dormi de novo. Os dias seguiram e ela continuou a me visitar, me trazendo bolos e presentes. O mais legal foi um boneco de super-herói, mesmo fraco me distraia nas tardes que ela nem sempre passava comigo.

Na manhã de sábado, o mesmo médico, de cabelos grisalhos, simpático veio até meu quarto e me disse que estava liberado, e que eu podia ligar para a minha família me buscar. Mesmo com medo, não queria ficar e nem voltar para ninguém. Perguntei onde estava a moça e ele me disse que estaria aqui novamente para se despedir. Meu coração cortou aos pedaços, aquele vazio e a pressão de ser forte novamente para conseguir cuidar de mim sozinho aumentava ao passar das horas. Era a hora de me cobrar novamente, de encarar a realidade.

Quando ela voltou, minha mão suava de nervoso, perguntei pra ela seu nome, ela então disse que se chamava Daniela. Era claro que ela ia me denunciar para o orfanato. Mas as coisas mudaram quando me disse que doou um rim dela para mim, depois que eu sofri o acidente. Bom, era com certeza a melhor coisa que alguém já fez por mim. Ela chamou para ir embora, eu disse que não queria voltar pra lugar nenhum. Então ela me disse que iríamos passar o Natal com minha nova família.