Estava nublado e fresco. Ventos que passavam pela rua atingiam a poeira e levava as folhas caídas na calçada para longe. Roberta esperava o ônibus para voltar pra casa. Não queria se atrasar hoje, ia se encontrar com amigos de infância à noite. Pessoas iam e desciam do ponto durante sua espera. Pensou como estaria Beto e mordeu os lábios com uma certa ansiedade. Seu cabelo estava todo bagunçado por causa do vento, sentou-se no banco ao lado de um homem velho.

Ao chegar na rua de sua casa ao descer do ônibus viu uma mulher loira de cabelos lisos conversando com algum vizinho que já vira na rua algumas vezes. Parecia estar pedindo algum tipo de informação. Foi descendo e ouviu alguém:

— Oi! Ei amiga aqui! - gritou a mulher.

— Oi querida!- disse ao reconhecer Vanessa. - Tudo bem? Desculpe, eu ia te mandar meu endereço por e-mail, mas... poxa são tantas coisas, acabei me esquecendo. Mas que bom você por aqui.
— Estou ótima Rê! Consegui seu endereço com o Beto. Lembra-se dele? Aquele que usava óculos enormes. Meu Deus, se você visse ele.. Tá muito lindo, mudou tanto!

— Ah sim! Como eu iria esquecer? - disse sorrindo. - Lembro-me dele quando a gente ia no sebo trocar livros e ele sempre nos mostrava gibis engraçados.- disse rindo ainda mais. Ele sempre a fazia sorrir.

Percebeu que estava diferente logo mudou de assunto para não transparecer:

— Venha em casa, estou chegando agora do meu curso de inglês, se você quiser comer alguma coisa...

— Não, agora não, me desculpe, só vim aqui mesmo para matar a saudade. Estou na cidade a trabalho. Tenho viajado bastante.

— Ah, isso seria uma pena. Por que não fica ate amanha? Vai ter um reencontro dos formandos do ensino médio. Todo mundo vai estar lá.

— Eu soube, eu não ia, já que e só uma noite, parece divertido... então vamos - disse abrindo um sorriso de felicidade.

Não demoraria muito, logo todos estariam reunidos novamente.



Acordou de um jeito que parecia que estava com o dobro de seu peso. Sua cabeça parecia mais pesada. Estava frio em seu quarto, sentiu uma necessidade de calor que não viria de um simples cobertor. Era ela que estava faltando ao seu lado num dia frio de domingo. Seu cheiro, seu sorriso mais sincero, seu cabelo e sua voz doce e suave em seu ouvido. Em dia como esse, que a saudade batia-lhe a porta, a procurava em todas as pessoas e lugares.

Já eram oito e meia, ao lado do relógio havia um bombom. Lembrou-se de sua infância. Era a época mais feliz de sua vida. Não tinha medo de ser feliz. Seu mundo era outro. Dragões, castelos, monstros, heróis e brincadeiras divertidas. Comer doces era o que mais lhe fazia feliz. Pegava dois bombons do pote em cima da mesa que sua mãe deixava e guardava na sua lancheira até a hora de chegar à escola. Quando a via sempre lhe entregava um. Quando não tinha dois para partilhar, entregava o seu pra ela. Era o momento que mais gostava de ter. Foi pra sala e sentou-se no sofá e sozinho começou a chorar.
Fiquei frente a frente com a temida prova do ENEM que nunca tinha conhecido. Confesso que cheguei ao primeiro dia confiante. Não quis me preocupar com o peso que a prova ao fazê-la. Pois sei da sua importância, e não queria me desesperar e perder a concentração. 

Ao contrário do que eu esperava de mim desde o começo do ano, não me concentrei todos os dias em ter pelo menos uma hora reservada para estudar. Alguns dias até que eu fazia simulado, revezava algumas equações de química, física e outras. Estudava nas aulas de português, biologia, e acreditava que não teria muita dificuldade. 

A prova, ao ser indiferente não faria de minhas súplicas um milagre para resolver as questões de matemática. Como cada um naquela sala, estive exausta e cansada ao passar das horas. Relataria aqui um estado de sobrevivência daqueles filmes que todo mundo sabe o quão é difícil uma pessoa sobreviver sozinha se não estiver preparada. Mas, esse não foi o caso. Seria um exagero, porque qualquer um teria condições de ir pro um lugar bem melhor se fosse sonhar em cima da folha de questões, ou apenas sair depois de duas horas. 

Depois do segundo dia de prova, nunca foi tão bom ver à tarde quase virando noite. Depois e horas numa sala em um fim de semana inteiro me senti mais disposta em aproveitar o fim tarde para fazer nada. 

Sempre tem aquelas notícias no jornal de pessoas que perderam ou teve algum caso inusitado na prova do ENEM: Um a estudante que teve seu filho num banheiro antes da prova; uma pessoa desatenta que se esqueceu de preencher o cartão de resposta; alguém vestido de Mário, etc. 

Em todas as alternativas, percebo que vão sempre te levar a um lugar, não importa qual seja se importa ou não, de qualquer jeito.