Doce nostalgia



Acordou de um jeito que parecia que estava com o dobro de seu peso. Sua cabeça parecia mais pesada. Estava frio em seu quarto, sentiu uma necessidade de calor que não viria de um simples cobertor. Era ela que estava faltando ao seu lado num dia frio de domingo. Seu cheiro, seu sorriso mais sincero, seu cabelo e sua voz doce e suave em seu ouvido. Em dia como esse, que a saudade batia-lhe a porta, a procurava em todas as pessoas e lugares.

Já eram oito e meia, ao lado do relógio havia um bombom. Lembrou-se de sua infância. Era a época mais feliz de sua vida. Não tinha medo de ser feliz. Seu mundo era outro. Dragões, castelos, monstros, heróis e brincadeiras divertidas. Comer doces era o que mais lhe fazia feliz. Pegava dois bombons do pote em cima da mesa que sua mãe deixava e guardava na sua lancheira até a hora de chegar à escola. Quando a via sempre lhe entregava um. Quando não tinha dois para partilhar, entregava o seu pra ela. Era o momento que mais gostava de ter. Foi pra sala e sentou-se no sofá e sozinho começou a chorar.

Como um bebê sem mãe por perto, sem amigos, sem consolo e sem esposa. Sua carreira está no alto. Tem o carro do ano na garagem perto de uma piscina imensa. Tinha empregados que obedeciam a suas ordens; remédios contra qualquer doença; muitos ‘amigos’ que sempre iam a suas festas badaladas; uma conta no Facebook com mais e mil amigos e um telefone que tocava sempre em busca de sua voz profissional. Morreu por dentro e por fora?

Distanciou demais das pessoas ao conseguir seu lugar num mundo tão pequeno. Tão dividido com as pessoas mas ao mesmo tempo sem as pessoas.


A nostalgia o puxou junto com os velhos anos, e agora o deixava muito mais velho para viver novas histórias.