Já eram oito e meia, ao lado do relógio havia um bombom. Lembrou-se de sua infância. Era a época mais feliz de sua vida. Não tinha medo de ser feliz. Seu mundo era outro. Dragões, castelos, monstros, heróis e brincadeiras divertidas. Comer doces era o que mais lhe fazia feliz. Pegava dois bombons do pote em cima da mesa que sua mãe deixava e guardava na sua lancheira até a hora de chegar à escola. Quando a via sempre lhe entregava um. Quando não tinha dois para partilhar, entregava o seu pra ela. Era o momento que mais gostava de ter. Foi pra sala e sentou-se no sofá e sozinho começou a chorar.
Como um bebê sem mãe por perto, sem amigos, sem consolo e sem esposa. Sua carreira está no alto. Tem o carro do ano na garagem perto de uma piscina imensa. Tinha empregados que obedeciam a suas ordens; remédios contra qualquer doença; muitos ‘amigos’ que sempre iam a suas festas badaladas; uma conta no Facebook com mais e mil amigos e um telefone que tocava sempre em busca de sua voz profissional. Morreu por dentro e por fora?
Distanciou demais das pessoas ao conseguir seu lugar num mundo tão pequeno. Tão dividido com as pessoas mas ao mesmo tempo sem as pessoas.
A nostalgia o puxou junto com os velhos anos, e agora o deixava muito mais velho para viver novas histórias.