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Giovani assim que chegou à sua mesa descarregou de seus ombros a mochila pesada que precisava carregar todos os dias. Olhou para os dois lados, tinham as mesmas pessoas passando por ele que diziam olá com um sorriso igual a do Coringa. Por que eu estou tão sério? Foi tomar um café, o dia parecia mais chuvoso. Um homem que conhecia só de longe comentou com ele sobre isso ao vê-lo ver o céu pela janela, parecia querer puxar papo. Porém logo saiu de perto, entediado como cara de poucos amigos.
Quando te vi fechar os olhos, não apenas o vi. Senti a sua leveza como uma onda calma vindo do mar com tempestade. Foi uma visão linda e sem medo do que eu mais enxergava em você, uma essência necessária que eu não conseguia suprir. Pois quando você dormia, minha alma se enchia de sonhos criados, ainda mais pelo silêncio que não estava ensurdecedor.

Concentrei-me sem dificuldade no sentimento que era ver você dormindo. Eu não poderia machuca-lo, e, foi exatamente o que não pude fazer. Mas nós soubemos que você tinha um mapa com outro caminho. Seria óbvio demais dizer que nós dois não iríamos nos machucar.

Vi você aquele dia, em pequenas partes da sala, o lugar que você lia os jornais e ouvia suas músicas loucas. Estava presente em lembranças como se fossem cenas de um filme velho. Apesar de sempre te chamar de meu, continuo com o que você pôde me devolver. Não pude entrar nesse mar turbulento, não havia barco ou qualquer outro meio. Não de novo, me aventurar, sem saber onde pisar.

De repente despertei, foi mais um sonho desviado. Esta noite, me concentro novamente nos sonhos que saem dentro de mim que nenhum dia pude realmente acreditar sem pôr uma razão. Pois não há, sentimentos são realmente inexplicáveis.


Ontem à noite com Vanessa e Beto foi memorável. Roberta nunca tinha se divertido tanto desde que sua mãe morreu. Pegou o celular e escreveu uma mensagem de texto dizendo: “E aí? Ontem foi demais. Encontrem-me no Open Bar às 23h, ok? Se não puderem me avisem. Beijos”. Assim que enviou para os dois, foi tirar mais um cochilo. Eram nove horas da manhã quando adormeceu na cama outra vez.


Acordou mais tarde com uma dor de cabeça. Seus olhos estavam sensíveis à luz que atravessava da janela. Tinha sonhado com o Beto. Não foi como daqueles sonhos que se volta ao passado numa única noite. Numa mistura de cenário, mesmo que ele não estava, sentia sua presença, e era diferente. Como se ele estivesse o tempo todo consigo. Na memória, bem escondido. Não era difícil de imaginar do porque que tudo isso aconteceu. Justo porque ele está mais perto.


Roberta foi para o bar. Os dois estavam esperando-a. Vanessa, sentada na frente de Beto. Os dois estavam no canto da mesa, perto da janela. Ao lado dele tinha um rapaz, que parecia ter a mesma idade dele. Um amigo novo talvez? Nunca tinha ouvido falar, presumia que Vanessa também não saberia dizer quem era ele.


Sentou-se, cumprimentou todos com um gesto de saudação e disse um “oi” e um “Prazer em conhecê-lo. Sou Roberta, você é...?”. Antes de ele falar, Beto a interrompeu:


— Trouxe um amigo, Roberta. Vocês não sabem, pois sempre tive receio de que vocês responderiam de forma negativa. Naquela noite foi muito bom revê-las, e quando soube que vocês não eram machistas, preconceituosas como várias pessoas que encontrei na minha vida, quero dizer a vocês: Este é Claudio, meu namorado.


Ele não teve medo de dizer. Roberta estava chocada, isso explicava a aliança no dedo dele, o jeito como agiu, sem tentar nada com as duas na noite passada. Se o paquerasse, ia ficar frustrada, não seria um paquera difícil de conseguir, mas talvez impossível?


Tinha reparado Beto não tinha um jeito que todos pudessem desconfiar. Sentou-se perto de Claudio e sussurrou:


— Você é muito bonito. Pode falar vocês dois estão brincando que eu sei.


Desaproximou-se do ouvido dele e o beijou no rosto. Quando olhou em volta, Beto estava com uma expressão estranha, e Vanessa fazia um sinal frenético, tentando dizer para ela sair de lá.


Beto saiu da mesa de raiva sem dizer nada. Roberta saiu de a mesa para-lo e reverter à situação. Era uma vergonha que até o garçom sentiu, seu rosto estava vermelho, marcado pela expressão do constrangimento. O farol estava aberto, e passando dele, Beto, com seu carro a mil por hora.


RETORNO


Roberta voltou, onde estava Vanessa e Claudio. Sentia-se constrangida e arrependida por aquela situação.


— Bem… Eu não sabia que ele reagiria daquele jeito, me desculpem, vou embora. – saiu as pressas do lugar.


Passado algumas semanas, Renata foi viajar para o interior para por de qualquer jeito sua lógica em ordem. A cidade era no litoral, tinha praias, calor e água de coco.


Foi ao encontro do mar e sentou-se na areia, com a bagagem e cansaço nos olhos, parou para sentir o vento e o barulho das ondas. Num momento, ela se lembrou da esperança que teve de Beto, queria que ele sentisse ciúme dela naquele dia. Muitas coisas que tinha saído sua realidade não apenas a levava a refletir no que tinha acontecido, mas no que sentia. Foi um apego sem desculpa, um teste inútil e imaturo.


Viu o céu estrelado e as ondas cada vez mais silenciosas e menores. Se ele a visse, pediria para ele remover a maquiagem borrada de seu rosto escorrida pelas lágrimas.


Num momento quando percebeu uns grãos de areia na sua mão se assustou. Ao virar para o lado viu Beto sentado ao seu lado. Os dois se entreolharam e sorriram juntos. Ela continuou por um tempo a olhar o mar, parecia calma e ao mesmo tempo perdida. Ele pegou a mão dela e a levou para seu peito direito, fazendo a olhar novamente em seus olhos. O quão rápido estava o coração dele que batia, e foi então que ele a abraçou e sussurrou em seu ouvido: “Te ver longe de mim só me fez me esquecer o quanto gosto de ti, não sei o que realmente aconteceu, mas hoje, não te deixo sozinha”.

A partir daquela hora quando entrei naquele trem, um aviso de “mantenha-se seguro, em breve estaremos partindo” me alertou onde eu realmente estava: em um trem velho, antigo. Daqueles de filmes românticos que participam de cenas de despedidas de casais que se encontram anos depois.

Passei pelo corredor de janelas enferrujadas afim de tentar me acomodar. Mais pessoas iam chegando a cada minuto. Por um breve momento achei que teria pegado o trem errado. De um destino sem fim e sem meia volta. Todo aquele esforço de pensar em como poderia voltar e encontrar a saída daquele lugar poderia ser em vão, e assim fui indo, empurrada sem poder voltar por onde eu vinha.

Acabei por encontrar um cabine vazia e aparentemente muito melhor do que as outras. Pensei em como estava com sorte. De lá, consegui enxergar a paisagem sem ver alguma ferrugem exposta. Me deitei ali mesmo, absorvida da mudança da paisagem a cada segundo a mais de velocidade que o trem alcançava.

Numa hora, já a noite, o frio predominava e me obrigava a me encolher sem ter por onde me aquecer. Nessa viagem, nunca soube quando acabou e o que foi ,mas confesso parece que nunca acabou, pois ainda nem sei minha estação final.


Numa típica manhã de um novo ciclo, acordei com os gritos de um vizinho da casa da frente. Meu bom humor pós-apocalipse fracassado de repente se esgotou. Abri a janela e flagrei uma típica cena de novela misturado com reality show. As pessoas que passavam pela casa não paravam de olhar e perceber os dois brigando. As pessoas se tornaram tão fiéis que cochichavam entre si palavras maliciosas e intrometidas. Como se sentissem no direito de ser uma plateia de um romance em crise.

Pensei comigo mesma: não irei prestar atenção, não é da minha conta. Mas isso se tornou inevitável. Havia muito barulho que hesitavam meus pensamentos.

Logo, isso teve um fim até a decorrência da tarde, quando todos comentavam de uma nova briga que acontecia num programa de reality show que passava na TV.

E lá estava eu, olhando por atrás de minha própria fechadura. Ao ouvi-los brigando, um espelho se concretizava em absolutamente nada na minha relação com ele. Justamente por não ter visto que ao meu redor os nossos corações apáticos que absorviam todo o ar e se fazia impossível revigorar-se.

Inquietamente transtornada, tive o cheiro da lembrança, afim de me espiar por dentro e perceber o verdadeiro episódio que se passava comigo e entre nós dois.


Depois de jantar com Vanessa, Rebeca não hesitou em perguntar sobre a sua vida e trabalho. Ficaram conversando horas até chegar o momento de partirem para o encontro. Rebeca estava na cozinha quando ouviu a companhia tocar. Quase ao mesmo tempo, Vanessa perguntou: 

— Tá esperando alguém? 

— Não... Quem será que é? 

Meio sem jeito, foi até a porta intrigada. 

— Beto? 

— Oi... Bem achei melhor vir aqui, dar uma passadinha antes de irmos. Gostou da surpresa? 

Mas como todo mundo de repente sabe o endereço da casa das pessoas? Rebeca estava surpresa e ao mesmo tempo incomodada, será que é a única do bairro que ainda não se mudou para outra casa? Todos um dia tiveram que morar em outros lugares por causa de novo empregos, independência, etc. Mas Roberta preferiu ficar em seu velho bairro assim mesmo. Vivia com a mãe e era filha única. Depois que ela morreu de câncer no pulmão, preferiu não vender a casa, pois era algo de felizes memórias.

Olhou para o Beto, com os olhos cheios de emoção e o abraçou: 

— Que saudade que eu estava de você, quanto tempo! 

Sua felicidade era de se ver de longe. Tanto que o chamou para se sentar na sala com Vanessa que parecia estar surpresa e receptiva de ter tido mais um encontro com ele. Colocaram o papo em dia como nunca tinham feito antes. Se esqueceram do encontro, beberam e riram de velhas histórias. 

O penteado de Beto, seu estilo moderno e diferente com seu humor e charme eram irresistíveis. Estava mudado, não apenas pela sua aparência. Reparou uma aliança em seu dedo. Talvez comprometido? Ele estava mais que um homem sério e responsável ao seu olhar, estava mesmo é atraente.