Numa típica manhã de um novo ciclo, acordei com os gritos de um vizinho da casa da frente. Meu bom humor pós-apocalipse fracassado de repente se esgotou. Abri a janela e flagrei uma típica cena de novela misturado com reality show. As pessoas que passavam pela casa não paravam de olhar e perceber os dois brigando. As pessoas se tornaram tão fiéis que cochichavam entre si palavras maliciosas e intrometidas. Como se sentissem no direito de ser uma plateia de um romance em crise.
Pensei comigo mesma: não irei prestar atenção, não é da minha conta. Mas isso se tornou inevitável. Havia muito barulho que hesitavam meus pensamentos.
Logo, isso teve um fim até a decorrência da tarde, quando todos comentavam de uma nova briga que acontecia num programa de reality show que passava na TV.
E lá estava eu, olhando por atrás de minha própria fechadura. Ao ouvi-los brigando, um espelho se concretizava em absolutamente nada na minha relação com ele. Justamente por não ter visto que ao meu redor os nossos corações apáticos que absorviam todo o ar e se fazia impossível revigorar-se.
Inquietamente transtornada, tive o cheiro da lembrança, afim de me espiar por dentro e perceber o verdadeiro episódio que se passava comigo e entre nós dois.